terça-feira, 30 de março de 2010

'Lula e suas lulices' (por Daniel Lélis)


O que falar do Lula, quando parece que tudo já foi dito/escrito/falado? Vamos aos fatos. Lula é, sem sombra de dúvidas, um dos políticos mais carismáticos da história do Brasil. Entre os méritos que podem ser apontados em seu governo, destacam-se a manutenção da polícia econômica, que trouxe estabilidade e confiança para o país, e a implementação de políticas sociais e a ampliação daquelas já criadas no período FHC. Mais do que isso, Lula assumiu papel de protagonista na América Latina, desfrutando generosa popularidade dentro e fora do país. A verdade é que hoje mais de 76% dos brasileiros aprovam o governo do ex-metalúrgico. Lula é amado e admirado pela maioria dos brasileiros. Ponto.
Conheçamos agora o outro lado da história, aquele que os petistas preferem esconder, negar ou ignorar. É hora das lulices. Lula, ante os vários escândalos de corrupção que derrubaram muitos dos seus aliados e ministros, optou por dizer que nada sabia. Preferiu fazer-se de ignorante quanto aos atos dos seus subordinados diretos. Continuemos. Nunca na história desse país (para usar uma expressão consagrada por Lula), um presidente falou tanta asneira. Metáforas de mau gosto, gozação, palavrão. Lula fez de tudo um pouco. Prossigamos. Foi sob a benção de Lula, que foi parido o PNDH (Programa Nacional de Direitos Humanos) nº 3, aquele monstro que previa o fim da propriedade privada, a institucionalização da censura aos meios de comunicação e a vingança de terroristas contra militares. Está certo que todas as propostas polêmicas foram excluídas, mas não deixa de ser vergonhoso para um presidente que estas em algum momento tenham sido admitidas em sua administração. Avante, estimados leitores (não percam o fôlego!). O PAC – Programa de Aceleração do Crescimento (que já está em sua 2ª versão) emPACou: a maioria das obras ficou só no papel e grande parte das que foram ou estão sendo executadas, estão sendo investigadas por desvios. Por fim, falemos da controversa política externa deste governo. Lula abraçou, apoiou e defendeu políticos de caráter duvidoso, como o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, aquele que diz que o Holocausto é invenção, e o da Venezuela, Hugo Chávez, outro maluco que deseja incansavelmente implantar uma ditadura em seu país. Fidel Castro, todo mundo sabe, é idolatrado pelo nosso presidente. É o “Lulinha paz e amor”, dono do Programa de Direitos Humanos, abrigando sob as suas asas os mais estúpidos e perversos políticos do planeta atualmente.
É óbvio que não são as lulices que fazem de Lula o político popular que é. Para isso, serve o Bolsa Família. A maioria dos que o admiram sequer sabem delas. Contudo, não é coerente ignorá-las. Os sucessos de um governo não podem apagar os seus equívocos. Lula deve ser admirado sim, mas não incondicionalmente como querem alguns. Colocá-lo num altar e reverenciá-lo, eximindo-o de qualquer responsabilidade é, em última análise, negar-se a realidade. É um convite a arbitrariedade. Ora, ao endeusado não se permite errar. Ele pode tudo. Quem ousa a puni-lo, adverti-lo ou corrigi-lo, leva fama de “golpista” ou coisa parecida. Que não nos rendamos, portanto, ao discurso apaixonado, cego e delirante de quem ver Lula como um deus. Que saibamos reverenciá-lo por suas boas políticas, mas que tenhamos SEMPRE o direito de criticá-lo quando assim entenderemos necessário.

Texto publicado no jornal O Atualidade, de Tocantins.

segunda-feira, 22 de março de 2010

'Continuar' (por Daniel Lélis)


Não há no mundo quem nunca passou por uma fase delicada. Vez ou outra nos deparamos com situações complicadas que, dependendo da gravidade, podem nos abalar profundamente. As pessoas reagem das mais diversas formas quando enfrentam adversidades na vida. Contudo, quando o infortúnio faz evaporar a esperança em dias melhores, consumindo todas as forças daquele que o enfrenta, é inevitável que este não se faça os seguintes questionamentos: vou conseguir esquecer, dar a volta por cima e continuar?! Ou devo desistir, deixar de viver e apenas existir?!
Grandes problemas exigem grandes atitudes para superá-los. É preciso bem mais do que apenas dizer que vai dar a volta por cima. É preciso fazer acontecer. Não basta também ficar esperando do céu uma resposta, concentrando esforços e atenção em seres imaginários. Para vencer as dificuldades, é indispensável encará-las de frente. É necessário não somente conhecê-las (a fundo), mas também reconhecê-las. Pois é vendo o problema e o admitindo, que se pode desenhar para ele a melhor solução. Esse é o caminho. Simples na descrição, difícil na prática, mas vitorioso para quem o percorre.
“A vida é um soco no estômago”, já dizia Clarice Lispector. A realidade não a deixa mentir. Raros são os dias em que algo não nos incomoda. Desde a visão turva da menina que pede nas ruas, passando pelas derrotas que nos são impostas em nossas vivências diárias, ou até mesmo a perda de alguém que amamos. Tudo confirma para a ideia consagrada pela autora do clássico “A hora da estrela”. Nesse sentido, faz bem perguntar novamente: mesmo diante de tantos desencantos, vale mesmo a pena seguir adiante?! Vale sim, e vale muito a pena. Por mais que a névoa cinza da ignorância insista esconder de nós o nosso otimismo, e o orgulho e a vaidade nos impeçam de ver além das conveniências. Por mais que a hipocrisia seja propagandeada com louvor e o ódio envenene e destrua o que há de bom nas pessoas. Ainda assim, não faltaram motivos nobres para nos manter de pé e nos equilibrar na corda da vida. Só precisamos aprender a enxergá-los. Para isso, em vez de óculos, usamos o AMOR. É no amor que encontramos forças para não se curvar diante dos obstáculos; é dele que vem a coragem valente que nos faz encarar com dignidade e firmeza as desventuras da vida. É do amor, afinal, que a perseverança brota e dá frutos.

Você também encontra este texto na Jfashion, a revista de sociedade mais badalada de Tocantins.

sexta-feira, 5 de março de 2010

'A grandeza do perdão' (por Daniel Lélis)



Confiar é um ato de ousadia que implica conseqüências diversas. Acreditar no outro é sempre uma atitude arriscada, mas inevitável e necessária. Sem confiança, não há união. E sem união, não progredimos. É ousado, contudo, porque o tamanho da nossa confiança pode ser o tamanho da nossa decepção. Quem, por exemplo, nunca se decepcionou com um amigo, um parente, um colega ou um companheiro, a quem sempre dispensou valiosa confiança? Somos humanos. Errar faz parte. Todo mundo erra. Perdoar, e esse é o tema deste artigo, nem todo mundo perdoa.
O perdão não é apenas um gesto amável defendido por religiões de todo o mundo; não é somente uma reação gentil aos deslizes do homem; não se resume a um punhado de boas intenções. O perdão é a expressão máxima do amor. É, e afirmo sem hesitação, a força que tem mantido a humanidade de pé. Que tem dado a ela a chance de começar de novo; de virar a página e escrever um novo tempo. Foi assim depois das guerras sangrentas que já dividiram o planeta; dos massacres promovidos por ideologias que pregavam o ódio e a segregação. Já pensou o que seria do mundo em que vivemos se o perdão não tivesse nos dado a chance de desenhar um novo caminho, com as cores da paz, do respeito mútuo e da solidariedade?! Ora, estaríamos até hoje todos se digladiando feitos bárbaros, queimando na fogueira da hipocrisia nossos detratores e vendendo no comércio das imbecilidades nossa estupidez covarde e doente. O mundo se reergueu quando percebeu a importância de RECOMEÇAR. E todo recomeço é fruto glorioso da tolerância. E o que é o perdão se não a oportunidade que temos de tolerar o erro e superá-lo?!
No campo pessoal, pode-se afirmar, sem medo, que é no perdão que encontramos a renovação dos laços de afeto, elos estes que nos inspiram a acreditar na beleza dos bons sentimentos. Quando perdoamos o outro estamos nos convidando a sermos pessoas melhores; mais generosas e humanas. Abrir mão do orgulho nos permite saborear a doçura da benevolência. É claro que há erros que parecem imperdoáveis, tão dolorosas são as feridas que provocaram. Mas não há nada mais digno e gratificante que a vitória sobre a empáfia. Vencer o próprio desengano nos encoraja a não desanimar frente às frustrações da vida e a dar a volta por cima; perdoar o outro é reconhecer que um dia o outro pode ser você; é apagar (ou tentar fazê-lo) da memória aquilo que te desagrada, que te magoa e te faz infeliz. É livrar-se do gosto amargo do ressentimento e triunfar com nobreza e decência sobre as trevas da desilusão. É, por fim, deixar para trás aquilo que definitivamente não te leva para frente.

Você também encontra este texto na Jfashion, a revista de sociedade mais badalada de Tocantins.