Confiar é um ato de ousadia que implica conseqüências diversas. Acreditar no outro é sempre uma atitude arriscada, mas inevitável e necessária. Sem confiança, não há união. E sem união, não progredimos. É ousado, contudo, porque o tamanho da nossa confiança pode ser o tamanho da nossa decepção. Quem, por exemplo, nunca se decepcionou com um amigo, um parente, um colega ou um companheiro, a quem sempre dispensou valiosa confiança? Somos humanos. Errar faz parte. Todo mundo erra. Perdoar, e esse é o tema deste artigo, nem todo mundo perdoa.
O perdão não é apenas um gesto amável defendido por religiões de todo o mundo; não é somente uma reação gentil aos deslizes do homem; não se resume a um punhado de boas intenções. O perdão é a expressão máxima do amor. É, e afirmo sem hesitação, a força que tem mantido a humanidade de pé. Que tem dado a ela a chance de começar de novo; de virar a página e escrever um novo tempo. Foi assim depois das guerras sangrentas que já dividiram o planeta; dos massacres promovidos por ideologias que pregavam o ódio e a segregação. Já pensou o que seria do mundo em que vivemos se o perdão não tivesse nos dado a chance de desenhar um novo caminho, com as cores da paz, do respeito mútuo e da solidariedade?! Ora, estaríamos até hoje todos se digladiando feitos bárbaros, queimando na fogueira da hipocrisia nossos detratores e vendendo no comércio das imbecilidades nossa estupidez covarde e doente. O mundo se reergueu quando percebeu a importância de RECOMEÇAR. E todo recomeço é fruto glorioso da tolerância. E o que é o perdão se não a oportunidade que temos de tolerar o erro e superá-lo?!
No campo pessoal, pode-se afirmar, sem medo, que é no perdão que encontramos a renovação dos laços de afeto, elos estes que nos inspiram a acreditar na beleza dos bons sentimentos. Quando perdoamos o outro estamos nos convidando a sermos pessoas melhores; mais generosas e humanas. Abrir mão do orgulho nos permite saborear a doçura da benevolência. É claro que há erros que parecem imperdoáveis, tão dolorosas são as feridas que provocaram. Mas não há nada mais digno e gratificante que a vitória sobre a empáfia. Vencer o próprio desengano nos encoraja a não desanimar frente às frustrações da vida e a dar a volta por cima; perdoar o outro é reconhecer que um dia o outro pode ser você; é apagar (ou tentar fazê-lo) da memória aquilo que te desagrada, que te magoa e te faz infeliz. É livrar-se do gosto amargo do ressentimento e triunfar com nobreza e decência sobre as trevas da desilusão. É, por fim, deixar para trás aquilo que definitivamente não te leva para frente.
Você também encontra este texto na Jfashion, a revista de sociedade mais badalada de Tocantins.