Michel Platini, presidente do Estruturação - Grupo LGBT de Brasília, explica. "GLS foi criada pelo jornalista André Fischer, dono do site Mix Brasil, há mais de uma década, e tem mais a ver com atividades comerciais, como sites, boates, cafés etc, que atendem tanto não-heterossexuais quanto héteros sem preconceito. A questão muda quando se trata do movimento social. Por exemplo, lutamos pelos direitos LGBT, como no caso da adoção. Aí, seria errado colocar o "s" de simpatizante. Pois os simpatizantes, ou seja, os héteros já podem adotar. O mesmo caso é com a união civil. Esse direito é negado a LGBT, mas não aos simpatizantes. Assim, tudo bem uma boate ser GLS ou mesmo LGBT, mas não há como falarmos de um projeto de lei pró-GLS ou de cidadania GLS." E então, exclui-se os simpatizantes? "Claro que não! Essa categoria, simpatizante, só existe praticamente no Brasil. Temos orgulho tanto disso quanto de ser o único movimento social que faz referência sempre a quem não o integra de forma mais estrita, mas que o apóia. Só é bom as pessoas saberem as situações às quais cada sigla se adequa melhor", frisa Platini. O ato em comemoração ao 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT, em Brasília, é exemplo de um híbrido entre as duas posições. O nome oficial do evento tem a sigla LGBTS. "Somos uma das poucas paradas do Brasil que tem simpatizante na sigla oficial, talvez a única. Fizemos isso porque tem todo o sentido falar em orgulho simpatizante, orgulho de ser uma pessoa sem preconceito e que repele a homofobia. E como os simpatizantes são fundamentais! Na nossa parada, 27,5% dos participantes não são LGBTs (aqui minúsculo para indicar plural. Quando maiúsculo, indica simpatizante), diz Sônia Regina, coordenadora da parada da capital federal. LGBT, GLBT ou LGBTTT? LGBT é a ordem das letras aprovada na I Conferência Nacional LGBT, realizada em junho de 2008. Desde então, de forma oficial, o movimento brasileiro e o governo federal deixaram de usar o GLBT. Foi uma decisão recente, logo estará mais difundida", diz Platini. A troca fez com que o movimento arco-íris nacional se alinhasse, de forma atrasada, à sigla mais utilizada na Europa e na América do Norte. A letra l na frente é uma forma de dar destaque à luta das lésbicas, que sofrem com o machismo e a invisibilidade social. Quanto à letra t dobrada ou até triplicada, algumas entidades pelo Brasil as adotam, mas, como foi aprovado em 2008, na sigla oficial, um único t serve para representar tanto travestis, quanto transexuais e transgêneros. Sopa de letrinhas Você ficou meio confuso com tantas siglas, calma, não é tudo. Há variações pelo mundo à fora. Um exemplo vem da Colômbia, que é conhecida no movimento por usar mais comumente LGBTTQI. O que são as duas últimas letras? Q de queer, cujo significado é ser estranho, mas que é muito utilizado de forma negativa para xingar uma pessoa de gay nos países de língua inglesa. Como meio de atuação política, o movimento, alguns gays e parte de estudiosos do tema utilizam a expressão de forma a dar-lhe um sentido positivo. Quanto ao i, trata-se das/os intersex, de forma mais simples, os hermafroditas (que nascem com orgãos sexuais de homem e de mulher). Sobre tantas letras, Platini recorre à história para defendê-las. "No início da década de 80, se falava movimento gay ou homossexual. Isso era errado porque não reconhecia a luta, as identidades e as bandeiras de bissexuais, das pessoas trans e, no primeiro caso, de lésbicas. À medida que fomos amadurecendo, vieram as siglas. Elas são importantes. Muitos falam de sopa de letrinhas, que é confuso etc. Preferimos esclarecer o que pode figurar como chato a ceder a um simplismo que reforçaria algo contra o que lutamos: discriminação, invisibilidade." Cuidado com a diversidade Na procura por denominar a diversidade LGBT, surgem nomes bastante impróprios. Embora adotada até por alguns governantes em órgãos oficiais, parte do ativismo LGBT rejeita a expressão diversidade sexual, que trataria da diversidade de sexo, aí se referindo a homem ou mulher ou a práticas de coito. E não se trata disso. "Se for para utilizar a palavra diversidade, que ela seja usada de forma correta: diversidade de orientação sexual (homo, bi e heterossexual) e de identidade de gênero (pessoas trans). Algo fora disso não está correto.", afirma Platini. Aprenda e dê uma aula sobre nossas siglas GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) - mais aplicado ao mercado (bares, cafés, restaurantes etc) que tem como foco homossexuais, bissexuais e pessoas trans, mas que recebe sem nenhuma restrição heterossexuais que não possuem preconceito. LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) - sigla mais adequada ao lado político do tema. Aplicado em expressões como cidadania LGBT, preconceito contra LGBT, parada LGBT etc. Adotada oficialmente no Brasil desde 2008. GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais) - forma anterior a 2008 para se referir ao caráter político do movimento social arco-íris. Está caindo em desuso. A matéria, toda ela, é do site Somos Todos Iguais. |