sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O nome dela é Antônia, mas pode chamar de professora



“Quando eu morrer, não vai ficar nenhum analfabeto no céu”, é com essa frase que somos recebidos na casa da nossa capa do mês, durante uma tranquila e silenciosa tarde de sol. Com um olhar calmo, sereno, AntôniaPereira da Cruz Santos, essa mulher que pretende alfabetizar até no céu, conversou com a nossa equipe sobre a sua trajetória, desde quando morava no sertão maranhense, até a sua ascensão como uma das mais conhecidas e respeitadas educadoras do Tocantins.

A história de Antônia começa em 1942, em uma fazenda, próxima a cidade de Buriti Bravo, interior do Maranhão. Filha de Alexandre Pereira da Cruz e Ana Pereira da Cruz, ela sempre chamou a atenção pela curiosidade, pela vontade de aprender. Aos 6 anos, ela conheceu as letras do alfabeto. Aprendeu a formar as sílabas e a ler palavras simples. Tudo isso em apenas uma tarde, conta ela orgulhosa.



Não demorou muito até que Antônia descobrisse a sua vocação para a arte de ensinar. Aos 17 anos, ela iniciou a carreira no magistério. No ano seguinte, foi vereadora na cidade de Fortuna, também no Maranhão. Perguntada o porquê de não ter seguido no mundo político, Antônia não desafina e confessa: “vi que não era o que eu desejava; infelizmente, há muita coisa errada nesse meio”.

Mas se sua passagem pela política não foi das mais entusiasmantes, não faltou empolgação para Antônia conquistar, através de muito esforço, trabalho e dedicação, os objetivos que havia traçado para si. E foi na educação que sua estrela brilhou. O dia mais emocionante da sua vida, conta ela, foi quando recebeu o diploma de bacharel em Letras pela Universidade Federal do Tocantins. “Foi uma vitória que mostrou para mim que toda minha luta tinha valido a pena”, afirma.

Antônia se define como uma professora apaixonada pela profissão. “O professor tem que amar o que faz, é dele a responsabilidade de, junto com a família, mostrar os primeiros passos, guiar, orientar, incentivar na formação do cidadão de bem”. Sobre a falta de reconhecimento dos profissionais da educação, ela opina: “acho que há muito a avançar no sentido de valorizar estes profissionais, mas temos progredido”.

Antônia chegou em Araguaína no dia 26 de março de 1977, ainda quando a cidade era Goiás. Aqui, lecionou em escolas públicas e particulares. Também foi funcionária da JUCETINS por dois anos. Hoje, apesar de ter se aposentado, Antônia continua na ativa como diretora do premiado cursinho Pré-Vestibular Eficaz. Além de proprietária, ela trabalha no local como professora de Língua Portuguesa e Redação, suas disciplinas do coração. Por conta de sua contribuição para a sociedade araguainense, ela recebeu em novembro do ano passado, do Rotary Clube de Araguaína, o prêmio de “Mulher Destaque”. “O reconhecimento é importante, especialmente tendo em vista a grande competitividade que existe no mercado de trabalho”, destaca.

Antônia é casada e tem 5 filhos, todos formados. São eles: Ana Amândia (historiadora), Ana Amélia (pedagoga), Ana Arlete (historiadora), Gervásio Filho (engenheiro civil) e Gehan (administrador). “Meus filhos são o meu maior tesouro”, conta ela cheia de satisfação.

Em agosto, Antônia vai completar 70 anos de vida. Mas quem pensa que por causa da idade, ela está cansada, se engana. Jovial, bem disposta e feliz, ela afirma que não pensa em parar de trabalhar. Quer continuar a frente do cursinho e na sala de aula, a sua segunda casa. Para os alunos do Eficaz, Antônia é uma mãezona. “Gosto de ajudar, de incentivar, de estimular o aluno; de dar a ele bons motivos para acreditar no êxito profissional”, explica. O cursinho, aliás, é conhecido por apresentar um dos maiores índices de aprovação do estado. Cerca de 70% dos que estudam lá, passam em concursos e vestibulares.

Com tantas realizações, muita gente deve se perguntar: “será que Dona Antônia ainda tem algum sonho que não alcançou?”. Bem, ela responde que sim. “Quero conhecer Paris e com fé em Deus, desse ano não passa”.

Otimismo, força de vontade, perseverança, determinação, jovialidade e respeito pelo próximo. Esses são os valores que fazem de Antônia uma referência valiosa nos dias de hoje. Da infância pobre do passado a carreira bem sucedida do presente, Antônia afirma que foram muitos os desafios, mas nenhum deles, conta, foi maior que a sua vontade de vencer. “Quando Deus quer, o homem sonha e a obra acontece”. Palavras de uma vencedora.


Publicada originalmente na Revista JFashion
Reportagem: Daniel Lélis
Fotos: Jotta Nunes

domingo, 26 de agosto de 2012

A opressão que mata gays aqui e no Irã

Disponível na internet


Por que? Não há como ver a foto acima e não se perguntar o que leva um ser humano, atropelando qualquer resquício de benevolência, tirar a vida de outro ser humano simplesmente pelo fato de esse outro ser homossexual? Supostamente em defesa de valores um tanto ultrapassados, humilha-se, discrimina-se e mata-se. Dizem que fazem isso abençoados por um deus soberano, senhor da razão e da sabedoria. Quantas lágrimas são necessárias para fazer valer uma ideia, não é mesmo? Se deus existe, estou certo de que ele deve ter vergonha de quem, em seu nome, tira o direito do outro de viver. Mas vamos aos fatos. A imagem é só uma das dezenas que circulam na internet mostrando o fim trágico a que estão sujeitos os iranianos homossexuais. Lá, gays são enforcados em público a fim de que sirvam de exemplo. São os bons costumes daquele país, governado por uma teocracia islâmica. 

Imagino, com tristeza e vergonha, a cena: o rapaz, na flor da sua juventude, descobrindo-se homossexual. Num belo dia, é pego em flagrante beijando outro homem. Algum tempo depois, os dois estão lá, no alto de guindastes, com cordas em seus pescoços. Sem vida, sem dignidade. Longe, quem sabe, talvez uma mãe chore e lamente o destino doloroso do seu filho. Outros gays, vendo aquilo, talvez se desencorajem de serem quem são e optem por esconder no fundo do armário o sonho de serem felizes. 

É, amigos, mas se vocês pensam que a opressão é um inimigo distante, está enganado. No Brasil, é claro, não vivemos tempos de opressão como aqueles vividos em terras iranianas. Mas aqui, assim como lá, a homofobia continua matando. São tantos casos, de Norte a Sul, de homossexuais enforcados, esfaqueados, degolados ou que se livram da dor da rejeição optando pelo suicídio. Milhares de brasileiros gays perdem a vida por serem gays. Até ontem era manchete em todos os jornais os ataques sofridos por homossexuais em ambientes públicos. Chegamos ao cúmulo de um pai e um filho serem atacados por que demonstraram afeto um pelo outro. 

Não faz muito tempo soube de uma história absurda. Um jovem, com pouco mais de 15 anos, foi expulso de casa depois de se assumir gay. Em seu corpo, haviam marcas de facão. O pai dele tentou matá-lo quando soube da orientação sexual do filho. Ou seja, não lhe bastou expulsá-lo do lar, era preciso dá-lhe uma surra. Não acho oportuno nesse texto discutir a necessidade de termos uma lei para criminalizar a homofobia em âmbito nacional. Isso é assunto para outra hora. O que quero é deixar claro para quem lê esse texto que não dá para entender como num país como o Brasil, democrático, laico, republicano, o ódio ainda esteja por trás de tantos crimes.

É certo que por conveniência ou puro preconceito, seja difícil reconhecer a sanguinolenta marcha do horror em terras brasileiras. Mas o fato é que provavelmente enquanto você ler esse texto, alguém é ferido, seja verbal, moral ou fisicamente. Temos a opção de nos fazer de cegos, fingindo que os tempos cruéis fazem parte do passado, ignorando os guindastes que foram montados em frente a nossa casa. Ou podemos escolher fazer a diferença, reconhecendo o problema e buscando, apoiando, sugerindo soluções para ele. Quem sabe assim, muitas cordas sejam afrouxadas, permitindo que haja vida e vida em abundância. 


Daniel Lélis

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

RECADO

Olá, amigos, colegas e público que me acompanhava pela TV.

Gostaria de anunciar que na noite dessa quinta-feira, dia 2, fui desligado das minhas funções de repórter na TV Anhanguera.

Durante quase 1 ano em que estive lá, foram mais de 400 reportagens sobre os mais variados assuntos. Uma delas, inclusive, premiada pelo Sebrae em julho desse ano. 

Saio ciente de que, dentro das minhas limitações,
 fiz tudo para exercer o meu papel profissional com ética, zelo e dignidade.

Agradeço a todos que acreditaram no meu potencial e peço desculpas a quem, porventura, tenha frustrado as expectativas.

Aos amigos que fiz na TV, os meus sinceros cumprimentos e a minha eterna gratidão.

Ao público, sempre tão carinhoso comigo, o meu 'MUITO OBRIGADO'.

É isso.

Um abraço carinhoso,

Daniel Lélis