segunda-feira, 28 de junho de 2010

Parada Gay de Palmas tem recorde de público, mas continua invisível aos olhos dos políticos tocantinenses




A homofobia já matou 23 homossexuais no Tocantins desde 2002. Os dados são do GIAMA (Associação Grupo Ipê-Amarelo pela Livre Orientação Sexual), única ONG LGBT de Tocantins, e organizadora da segunda maior Parada do Orgulho Gay da Região Norte do Brasil. Ontem, mais um grande passo para combater essas vergonhosa estatística foi dado. Num domingo de sol em Palmas, com a presença de cerca de 10 mil pessoas, foi realizada a VII Parada LGBT de Palmas.

Gente de todos os cantos esteve presente na manifestação. Só Araguaina, segunda maior cidade do Tocantins, teve mais de 200 representantes no evento. Recordista de público e de trios (este ano 4), a Parada do Orgulho LGBT de Palmas teve como lema: "Vote não homofobia, sim cidadania!". O objetivo da manifestação este ano, segundo Silvânio Mota, presidente do GIAMA, foi conscientizar as pessoas a não votarem em políticos homofóbicos. O Tocantins, importante dizer, é o único estado brasileiro que não tem representantes na Frente Parlamentar Mista pela Livre Expressão Sexual, o que demonstra o desinteresse dos políticos tocantinenses por este público.

Este ano, vale acrescentar, vários políticos tocantinenses, inclusive, os candidatos ao governo do estado, foram convidados a participar da Parada. Contudo, como nos 6 anos anteriores, nenhum deles apareceu. O medo de perder votos é, sem dúvida nenhuma, uma das grandes razões para essa lamentável realidade. Contudo, antes de justificar a omissão, esse temor só torna ainda mais indigno o desinteresse político pelos homossexuais do estado. A covardia dos políticos de Tocantins, todavia, é aplaudida por muitos, como o jornalista Cléber Toledo, fanático religioso que chegou a declarar no Twitter na véspera do evento, dentre outros absurdos, que "político cristão não deve participar da Parada". Formador de opinião e dono do site mais famoso do estado, Cléber parece ter se arrependido de suas declarações públicas contra os homossexuais, uma vez que apagou todas as mensagens homofóbicas que havia publicado. Não contava, entretanto, com o fato de eu ter printado algumas delas, como vocês podem comprovar abaixo. (CUIDADO PARA NÃO VOMITAR!!!)





Embora não se admita oficialmente, o Brasil é um dos países mais homofóbicos do mundo. A cada dois dias, segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), um homossexual é barbaramente assassinado. No Tocantins, a homofobia, embora mais velada, continua a fazer as suas vítimas. Há poucas semanas, um universitário homossexual de Araguaina fora brutalmente assassinado a capacetadas.

A verdade é que enquanto os políticos do estado, movidos pelo erro grosseiro de misturar religião e política num país laico, tem medo de perder votos, pais e mães de homossexuais tocantinenses tem medo de perder algo muito mais valioso: os seus filhos.



Daniel Lélis