segunda-feira, 21 de março de 2011

Contos de fadas não foram feitos para nós



Construir um relacionamento, seja ele amoroso, profissional ou de afeto, nem sempre é fácil, uma vez que pode, dependendo das circunstâncias, exigir muita disposição, paciência e tolerância. Quando se trata de edificar uma vida a dois, então, há mil e um desafios. Tratemos deles.
Todo mundo sonha com o dia em que vai encontrar sua alma gêmea, sua cara metade. Mesmo nos dias de hoje, em que a individualidade congrega multidões, a necessidade de ter alguém resiste e continua insubstituível. A tarefa de encontrar um (a) parceiro (a) ideal para um compromisso, todavia, parece que nunca foi tão complicada. A razão, creio eu, é simples: quando mais idealizamos a pessoa com quem gostaríamos de estar juntos, menos chances temos de encontrá-la. Em outras palavras, quando fantasiamos demais o outro, na busca pela satisfação de nossas expectativas, corremos o sério risco de nos decepcionar e sermos castigados pela solidão.
Quem busca um relacionamento ‘perfeito’, esquece que todos nós somos imperfeitos. Somos humanos, por isso errantes, falíveis e cheios de defeitos. Portanto, o mais coerente para quem deseja achar a sua metade da laranja, é ter consciência de que nem sempre ela será doce. Aceitar e superar a ideia de que príncipes encantados (ou princesas, se for o caso) foram feitos só para os contos de fadas é um passo importantíssimo. É fundamental não esperar demais do outro; ter em vista que como você, ele (a) também tem limitações; valorize-lhe as virtudes e qualidades, importe-se em fazer dar certo. Feito isso, a verdade é que mais cedo ou mais tarde, aparecerá alguém interessante. Revestido da cautela necessária, por que não acreditar?! Como afirmou o genial Mário Quintana em um dos seus escritos, “No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!”
Pois bem. Mais difícil do que ter um relacionamento, contudo, é manter um. Não existe segredo, já vou dizendo. Cada casal cria as suas próprias regras. O que há em comum em todas as relações que dão certo, importante mencionar, é o fato de que elas souberam se reinventar, sobreviver às dificuldades, vencer os desafios. Para tanto, é preciso que haja companheirismo, respeito, dedicação e lealdade. É preciso, sobretudo, de amor. Amor de verdade. Aquele que acalenta a alma, conforta e sossega o coração. Aquele que vê o tempo passar, mas nunca envelhece. Aquele que enche de orgulho e saudades. Aquele feito para a vida toda.

Daniel Lélis


Artigo publicado originalmente na JFASHION (@revistajfashion).

PARA QUEM NÃO VIU: o final de Thales e Julinho em 'Ti Ti Ti'

sexta-feira, 18 de março de 2011

INTOLERÂNCIA: música de Lady Gaga é censurada por apoiar homossexualidade




















A nova música de Lady Gaga, "Born This Way", foi censurada na Malásia por promover a aceitação de homossexuais, informa a agência Associated Press.


No país de maioria muçulmana, parte da música foi cortada para poder ser executada nas rádios. A censura visa prevenir reações do governo, que proíbe músicas com conteúdo que violem o "bom gosto, a decência ou ofendam os sentimentos da população".

No trecho censurado, Gaga fala sobre aceitar uma pessoa não importa se ela seja "gay, hétero, bi, lésbica, transexual". "Essas letras podem ser consideradas ofensivas do ponto de vista dos costumes sociais e religiosos da Malásia", defendeu a rede de rádio AMP.

Estações de rádio que descumprirem a lei podem ser punidas com multa de até R$ 26 mil.

As informações, todas elas, são da FOLHA DE SÃO PAULO.

COMENTÁRIO:

Lady Gaga é a maior diva gay da atualidade. Ninguém empreende mais esforços pela causa gay que ela. E a música 'Born This Way' ("Nasci assim") é, sem sombra de dúvidas, um convite colorido, generoso e divertido para a aceitação da diversidade sexual. A censura na Malásia de parte da música é um grave atentado à liberdade de expressão artística e evidencia o desrespeito aos homossexuais no país. Espera-se que Gaga faça um pronunciamento a respeito. 

Daniel Lélis

África do Sul vence Mr. Gay Mundo. Mr. Gay Brasil volta de mãos vazias


François Nel, 28, da África do Sul, venceu neste fim de semana o concurso Mr. Gay Mundo, realizado em um hotel no subúrbio de Manila, capital das Filipinas. EUA levaram o segundo lugar e a Espanha ficou em terceiro. O brasileiro Eduardo Kamke, de Santa Catarina, apesar de classificado entre os oito finalistas, não ganhou nenhuma das faixas distribuídas durante o evento.

Charl Van Der Berg, de 28 anos, Mr. gay 2010, foi quem passou o título para o novo gay eleito o mais bonito do mundo. François é cabeleireiro, maquiador e possui o seu próprio salão. Além do bicampeonato, a África do Sul foi eleita pela a organização do evento como próxima sede do concurso, que já tem data marcada: entre 4 e 8 de abril de 2012, em Johanesburgo.

O Mr. Filipinas ganhou a votação on-line e se sagrou o Mr. Popularidade e levou ainda o Mr. Traje Típico. O Mr. Austrália levou duas faixas em títulos concedidos durante o evento, a de Mr. Traje de banho e Mr. Traje de Gala. O Mr. Estônia foi eleito o Mr. Simpatia 2011, eleito entre os participantes. Já a Irlanda levou o título de Mr. Esportes e a Nova Zelândia ficou com o Mr. Fotogenia.

Matéria do site 'Revista Lado A'

terça-feira, 15 de março de 2011

Celebridade: menino asiático bem pintoso é a nova diva do YouTube



Ele é um fofo, concordam?! E além disso, é talentoso e dá uma goleada no bullying.

D.L.

Ti Ti Ti: Thales se declara para Julinho em público, veja a cena




Ah, o amor! *suspiros*
Definitivamente: eles formam o casal gay mais ilustre da história das novelas brasileiras. Aos atores, os meus PARABÉNS! Fantástico!

Daniel Lélis 

segunda-feira, 14 de março de 2011

HORROR NO AMAZONAS: homem gay de 25 anos é torturado, morto e tem olho arrancado no estado


Um homem de 25 anos, agente de saúde do municipio de Anori (a 195 quilômetros de Manaus) com 16 mil habitantes, foi assassinado com 30 facadas e teve um dos olhos arrancados pelos assassinos que o roubaram e o mataram por ser homossexual. Marlon Neves Gomes foi ainda torturado, degolado e há indícios de violência sexual. O corpo foi encontrado em uma quadra de esportes da cidade na tarde do sábado, próximo a sua residência e a polícia já prendeu três suspeitos. Apesar do latrocínio, roubo seguido de morte, a polícia trabalha com a hipótese da orientação sexual do morto ter motivado a ação dos criminosos. Segundo informações passadas para a Lado A, os assassinos conheciam a vítima e foram identificados por uma testemunha.


Os homens suspeitos de terem cometido a barbárie tiveram que ser protegidos pela polícia pois a população queria linchar os três que mataram Marlonzinho, como era conhecida a vítima, querido por trabalhar em um posto de saúde. O terceiro suspeito foi preso em uma cidade vizinha e por questão de segurança não foi levado a Anori, que conta com um reforço de efetivo vindo para acompanhar o caso. A cidade possui apenas quatro PMs em seu efetivo e recebeu mais seis policiais esta semana. O crime chocou a cidade e gays locais se organizaram para pedir maior atenção contra a violência no município na capital, Manaus.



Segundo o cabeleireiro Jaílson Matias Bezerra, a “Charlete”, da Associação de Gays, Lésbicas e Transgêneros do município, é freqüente a homofobia na cidade e o aumento da violência em razão das drogas. Este teria sido o quarto assassinato do ano na cidade. Ele mesmo disse  já ter sido agredido por ser homossexual.

Matéria do site 'Revista Lado A'.

COMENTÁRIO:

A pergunta que fica, depois de mais essa notícia triste é: até quando o preconceito continuará matando, de forma cruel, os homossexuais brasileiros? O que falta para criminalizar esse ódio desumano, injustificado, abjeto, que vitima tantos pelo Brasil afora? A homofobia é uma vergonha nacional. Quantos mais precisarão morrer para que o Estado dê uma resposta?

Daniel Lélis

Site reúne surfistas gays e já conta com 3 mil integrantes


Uma rede de relacionamento voltada para surfistas gays está fazendo sucesso no mundo digital. Trata-se do “Gay Surfers” , espécie de facebook voltado, como se disse, para gays que surfam.


Fundado em fevereiro de 2010, há um ano portanto, pelo surfista francês Thomas C., o site já conta com cerca de três mil usuários, em 80 países. Agora o site pretende organizar campeonatos de surfistas gays _e o Brasil está na mira de seu criador.



Atualmente são 290 surfistas brasileiros cadastrados no site, mas seu criador acredita que esse número aumentará quando o Gay Surfers ganhar sua versão em português.



Link com o conteúdo original, aqui
Matéria do Globo Esporte sobre, aqui

O dia em que Araguaina foi 'parar' no Jornal Nacional




QUEM NÃO SE LEMBRA?! Pena que foi por uma infelicidade que ganhamos destaque no maior telejornal do Brasil. De qualquer maneira, é histórico. Quanto ao caso narrado, todo mundo sabe: alcool e direção são coisas que não combinam. Custa entender?!

Daniel Lélis

Reta final: saiba como terminará o casal Thales e Julinho em Ti Ti Ti




O Mix teve acesso ao resumo do último capítulo da novela Ti Ti Ti, que conta como será o final do casal gay mais festejado da teledramaturgia dos últimos tempos: Julinho (André Arteche) e Tahles (Armando Babaioff). Eles terminam juntos, como previsto, depois de uma série de desentendimentos. Thales acaba assumindo para algumas pessoas que está apaixonado por Julinho, que por sua vez resolve dar tempo ao surfista para que ele saia do armário aos poucos, sem pressão. 


A autora Maria Adelaide Amaral declarou que os personagens Julinho e Thales entrarão para história da teledramaturgia brasileira, ao lado de Jaqueline (Cláudia Raia).



No capítulo final, Thales e Julinho terminam em Saquarema, onde abrem uma loja de surfe, e ganham uma declaração de amor mútua. O beijo gay não foi escrito, como a autora já havia dito, mas a cena dos dois no capítulo final é emocionante, segundo promete a autora e o diretor Jorge Fernando.

Matéria completa, clique aqui

segunda-feira, 7 de março de 2011

FANTÁSTICO: saiba qual o melhor horário para você Twittar

Quer saber qual é o melhor horário para postar seus 140 caracteres no twitter? Simples!

Tweetoclock


Descubra o melhor horário para Twittar no site Tweetoclock. Nele você fica sabendo qual é o melhor dia e horário na semana para publicar suasmensagens no Twitter.

Acesse o TWEETOCLOCK.



Dica do site Criativo de galochas

sábado, 5 de março de 2011

Capa da revista Época aborda o "amor e ódio aos gays"


Como prova de que a homossexualidade e a homofobia são temas em pauta no Brasil atual, chega às bancas nesse final de semana Revista Época que traz em sua capa os dizeres: 'Amor e ódio aos gays'. O semanário trata com prudência, realismo e honestidade a necessidade de se criminalizar a homofobia. 
Com uma bandeira do arco-íris cuja faixa vermelha sangra na capa, a revista coloca: “Amor e ódio aos gays. No carnaval, o Brasil aceita, imita e consagra os homossexuais. Por que, no resto do ano, há tanta violência contra eles?”
A resposta, ou o caminho para chegar até ela, você confere nessa edição corajosa de um dos mais famosos semanários do Brasil.
Daniel Lélis

quarta-feira, 2 de março de 2011

admiração, confiança, consideração: AMIZADE!

Dan, dê o play e leia o texto. Essa postagem é especialmente SUA!


Iaí pessoas (: desculpem minha ausência aqui no palavras, mas é que estava sem saber o que postar por aqui em meio a tantas postagens interessantíssimas feitas pelo @dannlelis. E é sobre ele a minha postagem de hoje; não é dia do amigo, nem aniversário dele, nem qualquer outra data especial, mas acho que é hora de deixar marcada a consideração que eu sinto por esse sujeito. Sabem aquela pessoa que luta admiravelmente pelo seu objetivo?? Pois é, assim é Daniel Lélis, uma pessoa que vive cada dia aproveitando o máximo que pode ser aproveitado. Alguém de uma inteligência única, que consegue produzir textos e frases como ninguém, como vocês podem perceber a cada postagem aqui no blog. Julgado de forma errada por muitas pessoas, em alguns casos alvo de críticas burras, mas que não deixa se abalar. Sensível demais, mas ao mesmo tempo acompanhado de uma força da mesma intensidade da sua sensibilidade. Entrou em minha vida como um simples seguidor no twitter, e hoje é um dos amigos mais sinceros que eu tenho, muito mais sincero que muito amigo que eu conheço a mais de 10 anos. É alguém que tem a preocupação de te ligar pelo menos uma vez na semana para perguntar como você está (e são poucas, muito poucas as pessoas com essa preocupação atualmente). O Dan já sabe muita coisa da minha vida que poucos sabem, já me deu a oportunidade de dar conselhos a ele, conselhos que eu passei de uma forma sincera, de uma forma que uso com poucos. O Daniel é daqueles que eu vou levar comigo sempre, alguém que merece saber de cada detalhe que acontece em minha vida. Dan, saiba que minha admiração por ti é enorme, que você pode contar comigo sempre que precisar. Admiro sua força, sua forma de viver, admiro sua vida. Você é demais, saiba disso!

Divertido: saiba como paquerar um gay em inglês




O Carnaval está aí e, como sempre, milhares de turistas estrangeiros são esperados nos quatro cantos do Brasil. Só no Rio de Janeiro, por exemplo, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis prevê ocupação de 87,5% dos leitos.

Ainda segundo a entidade, os gringos são responsáveis por 67% das reservas feitas nos estabelecimentos fluminenses. É a oportunidade para se jogar naquele delicioso intercâmbio que a gente adora.

Para ajudar você a chegar junto do seu objeto de desejo sem se preocupar com a barreira do idioma, o Mix preparou uma listinha com frases chave para qualquer paquera.

What is your name? (Uat is iór neime?)
Qual seu nome?

Where are you from? (Uér are iú from?)
De onde você é?

Are you a top or a bottom? (Are iú a top or a bótom?)
Você é ativo ou passivo?

I am a top. (Ái em a top)
Sou ativo.

I am a bottom (Ái em a bótom)
Sou passivo.

I am a versatile (Ái em a versatáiou)
Sou versátil.

How big is your dick? (Rau big is iór dique?)
Qual o tamanho do seu pinto?

At your place or at mine? (Et iór pleice or et máine?)
Na sua casa ou na minha?

Do you like group sex? (Du iú laique grup sex?)
Você gosta de sexo grupal?

May I have your phone number? (Mei ai réve iór fone nâmber?)
Pode me dar seu telefone?

I would like to see you again tomorrow (Ai wuld laique tu ci iú aguên tumorrou)
Gostaria de te encontrar de novo amanhã.

Let's go to that dark corner? (Léts gol to dét dark corner?)
Vamos para aquela esquina escurinha?

Darling, I have only protected sex (Dárlin, Ái réve ônli protected sex)
Querido, eu só faço sexo protegido

Fonte: Uol

terça-feira, 1 de março de 2011

EMOCIONANTE e PONTUAL: primeiro pronunciamento de Jean Wyllys no Congresso Nacional

'A ganância da honra' por por Luiz Felipe Pondé para a FOLHA



Que Deus me proteja de cair na tentação da ganância da honra. Aristóteles já dizia que a honra é uma virtude pública sedutora, mas impossível para quem a busca por si mesmo.

Sobre isso, revi o grande filme de Stanley Kubrick "Glória Feita de Sangue" (1957). Outro filme que recomendo é "A Cruz de Ferro" (1977), de Sam Peckinpah.

Ambos tratam da relação entre elite (oficiais) e plebe (soldado) -Kubrick na Primeira Guerra Mundial, Exército francês nas trincheiras, Peckinpah na Segunda Guerra, força armada alemã na frente russa.

No primeiro filme, o herói, o coronel Dax (Kirk Douglas), membro da elite francesa, se vê diante de uma trama na qual três de seus soldados são condenados injustamente à corte marcial e ao fuzilamento.

São acusados de covardia quando a missão para a qual tinham sido mandados era impossível. Não foram covardes, ficaram detidos pelas condições insuperáveis da batalha.

Mas a hierarquia queria mesmo era o sangue "do gado" para animar a moral das tropas, mostrando o valor da disciplina. O desprezo do coronel Dax pela elite do Exército é evidente, apesar de ser parte dela. O general em comando apenas queria uma promoção.

Segundo o general, o "povo francês" clamava pela sua dignidade, que deveria ser honrada com o sangue dos "covardes". "Povo francês" aqui nada mais é do que a retórica da opinião pública como instrumento de pressão. Confiar no "povo francês", como em sua elite, soará ridículo neste cenário.

No segundo filme, o herói, cabo Steiner (James Coburn), vindo da plebe, ganha várias cruzes de ferro por coragem sem dar valor a nenhuma delas ("só um pedaço de metal"), enquanto um capitão de família nobre prussiana, Stransky (Maximilian Schell), um covarde oportunista, cria situações para ganhar a cruz de ferro sem correr riscos.

O desprezo do cabo Steiner pela elite é também evidente, mas não é membro dela.

Em ambos os filmes, lembramos da tese do escritor russo Tolstói (em "Guerra e Paz") sobre guerras e batalhas (que fala da vida como um todo): um caos sem ordem, sem sentido, violência gratuita, a partir do qual, após a batalha, "reconstruímos o sentido" a fim de satisfazer qualquer ponto de vista, e, assim, contarmos "a" história.

Nutro profunda simpatia por esta teoria da história de Tolstói.

Os filmes seguem cursos diferentes. De certa forma, o filme de Kubrick vai mais longe do que o de Peckinpah na crítica ao modo como o mundo se organiza (sendo a guerra e o Exército em ambos apenas o cenário ideal para demonstrar suas teses).

Enquanto em "Cruz de Ferro" a coragem tem seu lugar (a medalha, apesar de o corajoso não dar valor a ela), em "Glória Feita de Sangue" a coragem é "invisível" para a hierarquia, que trata o herói Dax como um bobo idealista.

Onde está a coragem neste caso? Está na recusa do herói Dax da promoção que receberia como forma de acomodação ao status quo.

No filme de Peckinpah, ao final, Steiner arrasta o oportunista Stransky para o campo de batalha (já arrasado pelos russos), dizendo: "Vou mostrar a você onde crescem as cruzes de ferro" (isto é, diante do inimigo).

Já no filme de Kubrick não há espaço para essa ode última à coragem nas guerras, mas sim algo mais sutil: Dax, observando seus soldados à distância, quando urram num bar diante de uma "cantora" alemã (prisioneira de guerra), percebe como, de uma horda de bárbaros, eles passam à condição de homens tocados pela fragilidade da moça e pela beleza da música que ela canta, em meio às suas lágrimas de medo. Um dos maiores momentos do cinema.

Em ambos, vemos a ruína da ordem do mundo e seus mecanismos de produção da honra (representados pela hierarquia do Exército e seus sistemas oficiais de reconhecimento da coragem e da covardia).

Neste campo devastado, sobra a coragem de um homem solitário (Steiner) e a capacidade de um idealista aristocrático (Dax) de perceber um instante efêmero no qual feras se tornam homens. Ambos impermeáveis à ganância das honras.

Pouco importa a classe social -o que conta, ao final, é a virtude de cada um como modo de ação num mundo sem honra.

Publicado no Paulopes WebBlog. O artigo foi feito para a FOLHA DE SÃO PAULO.