terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O amor também é importante, 'pô'! (por Daniel Lélis)


           É, o fim do ano se aproxima. Falta pouco para a chama de mais um ano ser extinta. 2010 logo logo será apenas história. Alguns lembrarão dele com saudades, outros teimarão em ignorá-lo. A todos, contudo, restará uma certeza: bom ou ruim, é hora de dar adeus a primeira década do século XXI. Antes da despedida que se anuncia, entretanto, é preciso saborear a data mais esperada do nosso calendário; o evento maior, cuja beleza, incontestável e renovadora, une até mesmo os mais insensíveis. É hora de viver o Natal.
            Não, não vejo o Natal como sendo apenas mais uma data religiosa a ser comemorada ou um convite irresistível às compras. O Natal é, a meu ver, o momento em que expressamos o que de melhor habita em nossos corações. É a oportunidade em que percebemos que fazer o bem faz bem. É a chance de nos reconciliarmos consigo próprios. É quando a união, a fraternidade e a solidariedade falam mais alto. O Natal, já disse aqui certa vez, não está ai para ser entendido ou explicado. Sua importância vai além de qualquer teoria. Ele existe porque precisamos dele. E ponto.
            Neste Natal, entre presentes e abraços, me surgiu a lembrança da frase que intitula este texto. Desenhada com letras angulosas e sem curvas, ela tomou conta das paredes e beiradas de viadutos de São Paulo há alguns anos atrás. Ninguém nunca descobriu quem foi o seu o autor, de onde veio e nem qual seu verdadeiro propósito com a expressão. Mas ela diz muito. Explico.
            Frases de efeito estão sempre inundando o linguajar popular. Ditados, jargões e slogans fazem parte da vida das pessoas de modo constante e desenfreado. Pois bem, num mundo tão acostumado com o novo, o moderno, o diferente; tão apegado à ostentação e a vulgaridade, eis que surge alguém a nos lembrar do óbvio, daquilo que deveríamos compreender como indispensável, do sentimento que muitos, sempre tão ocupados, relegam a segundo plano. Precisou que um desconhecido, talvez imundo, cansado e desacreditado, nos fizesse recordar aquilo que não tínhamos o direito de esquecer. “O amor também é importante, pô!”, nos faz lembrar o aflito mensageiro.
            Nenhuma outra frase poderia traduzir com tanta simplicidade e perfeição o sentimento mágico que nos acomete nessa época do ano. O Natal, assim como o grafiteiro anônimo, resgata a reflexão em torno da importância que damos ao amor em nossas vidas. O Natal nos faz enxergar o quanto podemos ser bons; o quão belo e satisfatório é poder demonstrar o amor que temos pelo próximo. O grafiteiro, ah, este, com suas seis palavras cheias de vida, faz renascer com sabedoria única a seguinte convicção: no reinado das importâncias, há uma rainha e um rei. AMAR e AMOR são os nomes deles. Que sejamos sempre seus súditos! No Natal e fora dele.

            A vocês, que prestigiaram este colunista durante todo este ano, desejo um FELIZ NATAL e um ABENÇOADO e INESQUECÍVEL ANO NOVO!


Daniel Lélis

Artigo publicado originalmente na JFASHION (@revistajfashion), a revista de sociedade mais badalada de Tocantins