sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

'Das promessas que fazemos' (por Daniel Lélis)

 

     Todo começo de ano é a mesma coisa. E não poderia ser diferente no princípio de 2011. Para qualquer lado que se vira, ouvimos aos montes pessoas prometendo mil e uma coisas para o ano que está estreando. Do mais rico ao mais pobre, do mais novo ao mais velho, do mais bonito ao mais feio, é impressionante a euforia que nos toma conta ante a chegada de mais 365 dias. ‘Eu prometo emagrecer!’, ‘eu prometo ser um filho obediente!’, ‘eu prometo não tirar nenhuma nota baixa!’, ‘eu prometo me esforçar mais no meu trabalho!’, ‘eu prometo ser um (a) companheiro (a) melhor! Essas são só algumas das promessas que fazemos.
            Se promessa fosse dívida, como diz o ditado, o trabalho de toda uma vida não seria capaz de pagar o nosso débito. Prometer é um vício delicioso e em nenhum momento nos sentimos tão a vontade para exercitá-lo quando da chegada de mais um ano. Prometer é, antes de tudo, comprometer-se; obrigar-se a determinada coisa. Quando prometemos, estamos dando esperanças da realização de algo para o futuro. Há promessas que fazemos para nós mesmos; no escurinho da noite; no silêncio das madrugadas; no encontro inevitável com a reflexão. Há outras, por sua vez, que fazemos para o próximo; para o familiar, para o amigo, para o (a) amado (a). Pequenas, grandes, singelas, complexas. Há promessas de todos os pesos e tamanhos; para todos os gostos e idades.
            O leitor atento deve estar se perguntando agora onde eu quero chegar. Pois bem, explico. Não vejo problema algum que nós, movidos pelo desejo de construir o melhor ano de todos, façamos promessas; muitas promessas. O erro, a meu ver, não está no ato de prometer em si, mas sim na mania que a maioria das pessoas tem de fazer da promessa, em vez de meio, um fim. A promessa não é, como muitos julgam ou fazem pensar, um fim em si mesmo. Ela é um caminho, uma rota que podemos trilhar na procura por determinada finalidade. A promessa é a voz que empreende um compromisso. Contudo, prometer por prometer é o mesmo que nada. A promessa que é feita por ser feita; que não é aliada com a tentativa de se fazer realizar, é em vão, e no máximo animará passageiramente o ego de quem a fez.
            Portanto, que neste primeiro ano da segunda década do século XXI, tenhamos, em respeito a quem somos e em homenagem a quem queremos ser, consciência do cuidado e da responsabilidade que devemos ter antes de fazer qualquer promessa; que prometamos menos, mas nos esforçamos mais para tornar realidade aquilo com o que nos comprometemos; que a mesma empolgação que nos encoraja a prometer demais nos primeiros dias do ano, se faça presente no restante dele na busca por realizações.


Daniel Lélis

Artigo publicado originalmente na JFASHION (@revistajfashion), a revista de sociedade mais badalada do Tocantins.