terça-feira, 25 de março de 2008

'O discurso injusto de Chateumbriand' (por Daniel Lélis)

É comum aparecer nos dias de hoje supostas personalidades gays falando mal das Paradas do Orgulho Gay. Em entrevista a revista Veja, Bruno Chateaubriand deu mais uma amostra do mal gosto destas "grandes celebridades" no que tange este assunto.Perguntado por Veja sobre sua opinião com relação às Paradas, Chateaubriand afirmou que existem dois problemas : "o primeiro deles é que as manifestações fazem pensar que todo gay é exibicionista e vive em clima de boate. O segundo é que, em matéria de defesa dos direitos dos gays, essas passeatas não funcionam". Este tipo de raciocínio padece por sua limitação. Não há de se questionar o fato de que Bruno tenha direito de ter esta opinião e até de propagá-la, infelizmente. Inquestionável também é o nosso direito de combatê-la.Em primeiro lugar as Paradas do Orgulho gay são as maiores manifestações das últimas décadas por direitos no Brasil. Não se pode reduzi-las à apenas passeatas exibicionistas, pois isso denota uma análise mesquinha e injusta. O que se vê nas paradas são as mais varidas manifestações da sexualidade humana. Cada um do seu jeito. Nenhum comportamento lá expresso corresponde a totalidade do comportamento dos gays. Daí quem pensa que parada é para se exibir e mostrar comportamentos genéricos precisa urgentemente rever seus conceitos. Já pensou se todo mundo achasse que gay é festeiro como Chateaubriand? Para quem não sabe, este é notório no Rio de Janeiro pelas festas que dá . Ou melhor: já pensou se os "outros" achassem que todo gay é consumista, ligado a estética e afeminado como Bruno? Do mesmo jeito é com as Paradas. Lá cada um é cada um. O que os une é a busca por visibilidade, cidadania e afirmação. E para alcancarem isso existem as mais variadas formas. Todas respeitáveis.
O segundo problema apontado por Bruno é mais questionável ainda. Quando ele afirma que as Paradas não ajudam em nada em termos de direitos gays, mais uma vez o mesmo se equivoca e se mostra insensível às batalhas travadas pela militância para montar estes eventos. Em termos de Direitos as paradas mostram que homossexual tem voz e não se cale diante das inustiças. Que vai atrás dos seus direitos. Mostra coragem de se asssumir e de se orgulhar daquilo que é. Qual homofóbico não treme ao ver na Avenida Paulista mais de 3 milhões de brasileiros dizendo sim à cidadania gay?Aliás, tem muitas coisas no país que não ajudam em nada nos direitos dos gays.Um exemplo?Montar no réveillon uma festa com 300 convidados, cada um com uma garrafa de champanhe Dom Pérignon na mão. E disso o nosso "anfitrião" mal agradecido conhece bem.