Dias atrás, a cidade de Estreito presenciou o quanto a estupidez e a discriminação podem atingir um nível alarmante. Fernando, homossexual assumido, fora brutalmente assassinado por um homofóbico a golpe de facada no pescoço. Estreito fica no sul do Maranhão e não possui legislação que proteja o homossexual. Imagina a impossibilidade então de haver leis em âmbito municipal que tenham esta finalidade. Sobre a história da morte de Fernando, surgiram diversas hipóteses. Desde as mais inocentes às mais bizarras. O assassino, como consta dos depoimentos de várias pessoas, não era afeito a homossexuais, apesar de supostamente ter um caso com um deles, justamente Fernando. Muitos acreditam no famoso “desejo reprimido”, ou seja, “eu desejo fazer o que ele faz, mas não tenho coragem de fazer, por isso tenho nojo e o odeio”. Burburinhos a parte, o que fica claro neste caso, só mais um dos milhares que acontecem neste país, é que houve sim homofobia. Seja porque ele era hétero e odiava gay seja porque ele era um “reprimido”.O mais difícil de aceitar nisso tudo é a fuga do assassino de Fernando e o sentimento de impunidade que paira no ar. A mulher que dera a faca para ele fora presa e espera julgamento.
Ainda vivo, Fernando, sempre muito corajoso, era constantemente discriminado e violentado pela população de Estreito. Humilhá-lo era rotineiro para muitas pessoas. Sua morte não chocou a cidade e o caso não se tornou público. E olha que aqui, em vez de apenas olhos roxos, encontramos uma vida e muitos sonhos sendo desfeitos.Até quando teremos que nos deparar com situações tão horríveis como essa? Até quando teremos que ver seres humanos serem mortos por sua orientação sexual? Poderíamos começar o ano com muitas notícias boas, mas silenciar-se seria constrangedor. Começamos o ano tristes, mas certos de que enquanto pudermos, lutaremos. Que o amor possa tocar o coração de muita gente e que a lágrima de todos aqueles que se lamentam não sejam em vão.