terça-feira, 25 de março de 2008

'Magno Malta, a estupidez em pessoa' (por Daniel Lélis)


Magno Malta é mesmo um homem esperto. Ele sabia que se usasse o terrorismo como arma para atacar a lei que criminaliza a homofobia no Brasil, algum crédito ele teria. Lá estava ele no Senado Federal, de todos os brasileiros, a ofender a nossa inteligência e a banalizar a Ciência. Magno é senador pelo estado do Espírito Santo. Entre suas propostas absurdas, uma delas chega a ser patética ao extremo, a de querer dar um fim no exame da OAB, uma das provas mais difíceis do Brasil, onde só passa quem é verdadeiramente capacitado. Mas achando que não bastava isso para ser considerado um ator infeliz do nosso cenário político, Magno agora usa de manobras desprezíveis para descaracterizar a lei que prevê punição a quem discrimina as minorias sexuais. Disse que a lei irá dar aval para gays saírem se beijando nas igrejas e que os pastores (como ele) não irão poder fazer nada, pois serão punidos . Ora Senador, faça-me o favor! Beijar dentro de igreja não é uma prática aceitável para ninguém, nem para heterossexuais convictos como o senhor nem para homossexuais. Continuando no seu discurso, Magno Malta fez comparações da homossexualidade à pedofilia. Ora Senador, o senhor não deve mesmo ser um grande leitor; sabia que a maior parte dos pedófilos não são homossexuais? Sei que a bíblia deve ser seu instrumento básico de leitura para o senhor, mas às vezes um pouco de ciência é bom também. Garanto ao senhor que não vais morrer. Magno Malta representou muito bem o grupo VINACC (Visão Nacional para a Consciência Cristã), pois usou da forma ideal a conjunção de terrorismo psicológico e conveniência teológica.
Mas parece que por alguns instantes o desprezado senador esqueceu que está numa República laica, ou seja, sem religião, e que os pontos de vista religiosos não podem travar o avanço da democracia como regime que garante a todos, inclusive homossexuais, o direito de sair as ruas sem ter o medo de não voltar para casa. Sem ter que suportar a humilhação de não poder ao menos dizer quem ama. Ora Senador, seja mais sensato. O Senado não é a extensão de sua igreja, não! Os ditames de sua fé não podem influenciar de forma negativa o avanço do país. Queremos evoluir e sair deste atraso que nega aos homossexuais direitos básicos e que os colocam a margem da sociedade na hora de garanti-los cidadania, mas que na horas dos impostos e contribuições lembram que eles existem. É duro constatar que ainda temos na política brasileira gente da estirpe de Magno Malta. É sofrido! Os mais de 2000 homossexuais mortos por homofobia nos últimos anos lamentariam muito Senador pelas suas declarações, mas infelizmente gente como o senhor não os deram a chance de viver.